Olá, bucaneiros! Eis que nos encontramos novamente para falar sobre a arte do lançamento da vez. Agora, vamos saber mais sobre como foi ilustrar Thordezilhas: Sabres & Caravelas, um dos dois produtos mais aguardados pelos fãs de Old Dragon!
Thordezilhas foi o cenário de campanha vencedor do concurso Seu Mundo na Redbox, em 2012, escrito por Luiz Claudio Gonçalves e editado por Fabiano Neme e Rafael Beltrame. Como sabemos, é um encontro explosivo da fantasia old school do Old Dragon com o estilo capa & espada da literatura clássica de piratas e mosqueteiros. Assim, era um produto desafiador por si só.
Eu começo todo produto pela capa. Sei que não é uma estratégia muito ortodoxa, mas gosto de ter uma visão geral de como será o tema, além de ter o que divulgar para aplacar um pouco a ansiedade de vocês. E eu acho a capa a melhor imagem promocional.
Como o Luiz quis fazer algumas homenagens pessoais, dois personagens importantes emplacam a capa, incluindo a famosa Evangeline, pirata elfa que também é a estrela do conto introdutório e a personagem da Evelin, esposa do Luiz, em suas campanhas. O outro personagem é seu finado sensei Wallace “Absinto” Santo Cristo. Tem muito mais homenagens no livro, mas vocês teriam que perguntar a ele.
(aliás, eu poderia passar o dia falando do Luiz, que além de mestre de RPG é artista marcial e demonstra sua coleção de facas e espadas com a mesma desenvoltura que cita Sartre, um brutamontes com Int e Car altíssimas)
Enquanto ilustrador, gosto de duplar com os profissionais dos meus produtos, de modo que sempre rascunho alguma coisa pra ajudar no briefing. E eu queria uma cena emocionante que também remetesse ao Old Dragon (claro). Peguei então a capa do livro básico, os heróis em frente ao maior perigo do jogo, e mesclei com a clássica cena do kraken destruindo o navio em uma tempestade extremamente dramática. Acerto crítico com as pinceladas nervosas e cores vivas de André Cardozo (Raqsonu Duhu).
Para a arte interna, e no geral, precisei de muito tempo e pesquisa para desenvolver uma identidade visual única para o cenário. Cheguei então a algo que flerta bastante com o gênero, mas fica um pé na fantasia clássica da literatura que usamos no Old Dragon. Abracei nosso querido 7th Sea, mas descartei babados e perucas e me voltei também para filmes como A Ilha da Garganta Cortada e Conde de Monte Cristo, passeando pelo trabalho de Shakespeare (a maior inspiração do Luiz) e ilustrações de obras clássicas do gênero.
Além disso, fiz questão de dar alguns toques pesoais a essa identidade. Por exemplo, detalhes maori e havaianos dos ébanos, essa maravilhosa raça que literalmente nasceu da lava vulcânica; os trapos salgados e cabeças encolhidas dos tyburons; o estilo arcaico de Nova Camelot, mas com armas moderníssimas; a bufonaria lusitana; a moda meio cigana e circense dos pucks; por fim, e o que mais gosto, a mistura maluca dos orientais de Piratas do Caribe com O Último dos Moicanos e Pocahontas para os elfos shideronitas, com seus moicanos e calças de abas largas.
Inclusive, além das divertidas discussões com editores e a equipe da RBX, tive uma discussão sensacional com o público sobre se harpias possuem seios que alimentam seus descendentes ou não. Parabéns e obrigado a todos os envolvidos, desde já. 😛
Para ilustrar cenas de ação e um pouco das nações do cenário, escolhemos nosso querido quadrinista indie Clayton Barbosa, já conhecido de vocês do Guia de Raças. Suas sombras pesadas e traços meio despojados dão vida aos briefings de Rafael Beltrame e do Luiz como ninguém, e te transportam das terras civilizadas de Alexandria para locações misteriosas por todo o mundo com apenas hachuras (aqueles traços repetidos que dão meio-tom às ilustrações clássicas em preto) e sombras de nanquim.
Para mesclar arte ao texto, duplei com a talentosíssima Luisa Kühner na árdua tarefa de transformar o projeto gráfico ao mesmo tempo clássico e inovador (em termos de Old Dragon) em uma diagramação incrível. Uma das páginas que mais nos orgulha é a do kraken, com uma intervenção sensacional no texto. No geral, encaixar imagens de forma dinâmica e perfeitamente mescladas ao layout foi um desafio recompensador.
Por fim, a capa da versão impressa, que é diferente do pdf porque a gente sempre procura soluções cada vez melhores a coisas geralmente tediosas, como códigos de barra, a aplicação do logotipo da RBX e coisas assim. Ah, e já mencionei que demos um jeito de encartar o mapa-pôster do cenário no livro sem estragá-lo? Assim que você tiver sua cópia em mãos, vai se surpreender.